Chove torrencialmente, olho pela janela e longa vai a noite, bebo o meu whisky velho ao som do crepitar do lume e da chuva que cai numa melodia forte e confortante.
Momento maravilhoso, mas não perfeito, nunca perfeito, não sem estar contigo.
Como era bom este momento na tua companhia, contigo a meu lado a ouvir a bela sinfonia da natureza, os dois aconchegados no sofá, só com a luz natural ou sobrenatural do lume.
Mais um trago do bom velho whisky e novamente o meu pensamento em ti. Penso em ligar a televisão, mas não o faço, percebo que iria arruinar toda a magia do momento.
Contigo, contigo me imagino a tirar a roupa e a correr pelo terraço sentindo as pequenas gotas de água frias a bater na pele, que frio penso eu, frio este esquecido no momento em que me abraças e me pedes um beijo.
Está na altura de colocar mais um pouco de whisky. Deito-me no sofá, a chuva ameaça uma vez mais exibindo a sua grandiosa força.
De repente estás a meu lado, com a água a escorrer pela cara, completamente gelada. Corro para pegar numa toalha enquanto tu tiras a roupa molhada.
Quando chego, vejo-te em roupa interior, encostada à lareira em busca de um pouco de calor. Aquela imagem aquece algo em mim.
Levo-te a toalha, tu enxugas o teu longo e sedoso cabelo, toco na tua pele continua gelada, tiro a camisola e abraço-te na expectativa de te aquecer. Lentamente a tua temperatura vai subindo, a tua mão corre-me o peito, os teus lábios aquecem o meu pescoço.
Instintivamente, começo a explorar todos os pontos do teu corpo, beijamos o corpo um do outro até alcançarmos os lábios.
Sem roupa para despir os nossos corpos completam-se, mas uma claridade começa a abater-se sobre os meus olhos, uma luz cada vez mais forte, estou quase sem conseguir ver até que volta tudo ao normal.
Olho a minha volta nem sinal de ti, olho lá para fora o sol brilha, a chuva não cai e na lareira restam as brasas de um lume outrora vivo.
Foi um sonho, um bom sonho de ti.